16 de fevereiro de 2025

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Cidades flutuantes: a utopia dos bilionários do Vale do Silício

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Imagem por JJ de Pixabay

Você já imaginou viver em uma cidade flutuante, onde você não precisa seguir as leis ou pagar impostos de nenhum país? Essa é a ideia de um grupo de investidores ricos do Vale do Silício, que planejam lançar “cidades flutuantes” em águas internacionais, onde eles teriam autonomia política e econômica, além de estar potencialmente protegidos de desastres naturais ou sociais que afetam o mundo.

O projeto é liderado pelo Seasteading Institute, uma organização sem fins lucrativos fundada em 2008 por Patri Friedman, neto do economista Milton Friedman, e apoiada inicialmente por Peter Thiel, cofundador do PayPal e um dos primeiros investidores do Facebook. O objetivo do instituto é promover a criação de comunidades flutuantes permanentes, que possam experimentar diferentes formas de governança e de organização social, sem interferência de estados-nação.

O Seasteading Institute se inspira na ideia de “seasteading”, que significa “colonizar o mar”, cunhada pelo ativista Wayne Gramlich em 1998. Segundo Gramlich, o mar oferece um espaço vasto e inexplorado, onde as pessoas poderiam viver de forma mais livre e sustentável, aproveitando os recursos marinhos e as energias renováveis. O instituto também se baseia em exemplos históricos de cidades flutuantes, como Veneza, Hong Kong e Singapura, que se desenvolveram graças ao comércio marítimo e à flexibilidade política.

O Seasteading Institute já realizou diversos estudos e projetos para viabilizar as cidades flutuantes, que seriam construídas com módulos conectáveis, que poderiam ser movidos ou trocados conforme a necessidade ou a preferência dos moradores. O instituto também já fez parcerias com governos e empresas para testar as cidades flutuantes em locais como a Polinésia Francesa, o Panamá e as Bahamas, mas nenhum deles se concretizou até agora.

O projeto enfrenta vários desafios técnicos, jurídicos, políticos e éticos, que colocam em dúvida a sua viabilidade e a sua legitimidade. Alguns dos principais questionamentos são:

  • Como garantir a segurança e a estabilidade das cidades flutuantes, que estariam sujeitas a tempestades, ondas, piratas e ataques militares?
  • Como resolver os conflitos e as disputas entre as cidades flutuantes e os países vizinhos, que podem reivindicar a soberania ou a jurisdição sobre as águas internacionais?
  • Como assegurar os direitos humanos e a democracia nas cidades flutuantes, que poderiam se tornar feudos privados, controlados por elites econômicas ou ideológicas?
  • Como evitar os impactos ambientais e sociais das cidades flutuantes, que poderiam poluir os oceanos, explorar os recursos marinhos, gerar desigualdade e exclusão?

O projeto de cidades flutuantes dos bilionários do Vale do Silício é uma utopia que reflete os seus valores e interesses, como o individualismo, o libertarianismo, o capitalismo e o transumanismo. É uma utopia que busca escapar dos problemas do mundo, em vez de enfrentá-los e resolvê-los. É uma utopia que pode se tornar uma distopia, se não for regulada e fiscalizada por uma autoridade global e democrática.

E você, o que acha das cidades flutuantes? Você gostaria de viver em uma delas? Deixe a sua opinião nos comentários!