A incrível jornada da Voyager 1: a sonda mais distante lançada pela humanidade

Teste da Voyager/Jet Propulsion Laboratory - NASA
Imagine uma espaçonave que viaja há mais de 40 anos pelo espaço, que já visitou quatro planetas e 22 luas, que já atravessou a fronteira do Sistema Solar e que ainda continua enviando sinais para a Terra. Essa é a Voyager 1, a sonda mais distante lançada pela humanidade, que está a mais de 24 bilhões de quilômetros de distância do nosso planeta.
A Voyager 1 foi lançada em 5 de setembro de 1977, pela Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, com o objetivo de explorar os planetas gigantes Júpiter e Saturno, e seus respectivos sistemas de anéis e luas. A sonda foi equipada com uma série de instrumentos científicos, como câmeras, espectrômetros, magnetômetros, radiômetros e detectores de partículas, para coletar dados sobre a atmosfera, o campo magnético, a temperatura, a radiação e a composição dos corpos celestes que encontrasse pelo caminho.
A Voyager 1 chegou a Júpiter em março de 1979, e fez descobertas surpreendentes, como a existência de vulcões ativos na lua Io, a presença de um fino anel ao redor do planeta, e a complexidade das tempestades na sua atmosfera. Em novembro de 1980, a sonda alcançou Saturno, e revelou detalhes dos seus anéis, como a divisão de Cassini, e das suas luas, como a intrigante Titã, que possui uma atmosfera densa e rica em nitrogênio.
Após cumprir sua missão primária, a Voyager 1 recebeu uma nova tarefa: seguir em direção ao espaço interestelar, ou seja, o espaço entre as estrelas, além da influência do Sol. Para isso, a sonda teve que fazer um sobrevoo rasante por Titã, que alterou sua trajetória para cima do plano da eclíptica, onde orbitam os planetas. Isso significa que a Voyager 1 não poderia mais visitar outros planetas, como Urano e Netuno, que foram explorados pela sua sonda gêmea, a Voyager 2.
Mas a Voyager 1 não ficou sem novidades. Em 1990, a sonda recebeu um pedido especial da Nasa: virar sua câmera para trás e tirar uma foto da Terra, vista a uma distância de 6 bilhões de quilômetros. A imagem ficou conhecida como o “Pálido Ponto Azul”, e inspirou o famoso astrônomo Carl Sagan a escrever uma reflexão sobre a nossa insignificância e a nossa responsabilidade no universo.
Em 2012, a Voyager 1 fez história novamente, ao se tornar o primeiro objeto feito pelo homem a sair do Sistema Solar e entrar no espaço interestelar. Isso foi confirmado pela medição do plasma, o gás ionizado que preenche o espaço, que mostrou uma mudança na densidade, na temperatura e na velocidade, indicando que a sonda havia deixado a heliosfera, a bolha magnética que envolve o Sol e os planetas.
Hoje, a Voyager 1 continua sua jornada pelo espaço interestelar, enviando dados para a Terra através de sua antena de 3,7 metros de diâmetro. A sonda é alimentada por três geradores termoelétricos de radioisótopos, que convertem o calor da decaimento do plutônio-238 em eletricidade. Estima-se que a sonda tenha energia suficiente para operar até 2025, quando terá que desligar seus instrumentos um a um.
A Voyager 1 também carrega consigo uma mensagem da humanidade, gravada em um disco de ouro, que contém sons, imagens, músicas e saudações em vários idiomas, representando a diversidade e a cultura do nosso planeta. O disco foi concebido como uma cápsula do tempo, que poderia ser encontrada por alguma civilização alienígena no futuro distante.

A Voyager 1 é um exemplo de como a curiosidade e a ciência podem nos levar a lugares incríveis, e de como a tecnologia pode nos conectar com o desconhecido. A sonda é um farol da humanidade, que ilumina as fronteiras do espaço e do conhecimento.
Fonte: NASA, TS2, Olhar Digital, Ciencia Mundo, Galileu, BBC, G1